Alvo de ataques do presidente Lula e do PT, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, negou ontem (13/2), em entrevista ao Roda Viva, que a instituição tenha viés político. “Se o BC quisesse fazer política, não teria aumentado os juros no ano eleitoral”, disse. A taxa básica de juros da economia, a Selic, está em 13,75% ao ano desde agosto de 2022.
“O Banco Central não gosta de juros altos. Óbvio que a gente quer fazer o melhor possível para ter o juro baixo. Então, a gente acredita que é possível fazer fiscal junto com o bem-estar social. Mas a gente acredita que é muito difícil ter bem-estar social com inflação descontrolada”, afirmou Campos Neto.
O PT, entretanto, segue no ataque. Ontem, o Diretório Nacional do partido aprovou uma resolução para que Campos Neto explique ao Congresso sua política de juros. “O presidente do Banco Central prestaria um grande serviço ao país, se antecipando e vindo por conta própria ao Congresso”, escreveu o líder do partido na Câmara, Zeca Dirceu (PR).
Segundo pessoas presentes ao encontro, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que vinha mantendo um bom diálogo com Campos Neto, endossou as críticas do presidente Lula aos juros, dizendo que o chefe da autoridade monetária não pode estar acima do presidente da República nem da política de governo.
Blindagem
Cotado para assumir a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, Vanderlan Cardoso (PSD-GO) já sinalizou a aliados que não pretende dar tração a qualquer iniciativa contra Campos Neto. Segundo ele, a tensão entre BC e o Planalto é “coisa de momento”.
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