O sentimento no Palácio das Esmeraldas é de alívio com o teste feito na abertura da feira Tecnoshow, nesta segunda-feira (27/3), em Rio Verde. Foi o primeiro grande evento do agronegócio goiano em que o governador Ronaldo Caiado (UB) esteve presente depois de criar e começar a cobrar o do Fundo Estadual de Infraestrutura (Fundeinfra). Que é bancado, a muito contragosto, pelos produtores rurais e empresas do setor.
Portanto, a tensão era enorme no governo. Mas, bem antes da solenidade da abertura da feira foi realizado um intenso trabalho de pacificação com as principais lideranças do agronegócio goiano. Na semana passada, por exemplo, o governador Caiado teve pelo menos três encontros com os maiores empresários e produtores rurais goianos, além de dirigentes das principais entidades do setor. Em Rio Verde, o presidente da Comigo, Antônio Chavaglia, fez um trabalho de corpo a corpo para evitar que Ronaldo Caiado fosse hostilizado na abertura da Tecnoshow.
E deu certo. Apesar de algumas poucas vaias e gritos de protestos durante a fala do governador na abertura da feira, a grande maioria dos produtores rurais escutou atentamento o seu discurso. Aliás, para os palacianos, esse foi o ponto mais forte. Afirmam que Ronaldo Caiado falou muito, praticamente sem ler discurso, e de coração aberto.
Líder ruralista
O governador narrou a sua história de “36 anos como líder ruralista” e em defesa do produtor rural goiano. Segundo ele, em 1990, quando ele chegou ao Congresso Nacional, a bancada ruralista não passava de seis parlamentares, porque ninguém tinha coragem de assumir a defesa do produtor rural. “Não me julguem por um ato. Me julguem pela minha história. Deus me poupou do sentimento do medo, eu não tenho esse pecado. Eu sou um homem que enfrenta as adversidades. Não tenho cicatrizes nas costas, tenho é no peito, porque sempre enfrento as adversidades de frente”, afirmou. Foi muito aplaudido.
Caiado voltou a afirmar a situação fiscal e financeira que encontrou em Goiás quando assumiu o governo, em 2019. Disse que foi preciso “coragem para fazer as mudanças necessárias”. “Precisei tirar R$ 3 bilhões dos empresários (incentivos fiscais), pois não tinha condições de subsidiar esse valor. Naquele momento, para ser aprovada a renegociação da dívida do Estado, nós fomos obrigados a impor uma taxa de 14,25% para aposentados que ganhassem acima de R$ 3 mil”, afirmou. Ressaltou ainda que o Estado perdeu cerca de 40% da arrecadação de ICMS por conta da redução da alíquota promovida por lei federal.
Também fez promessas, principalmente sobre o uso dos recursos que os produtores rurais vão bancar para o Fundeinfra. A expectativa é do fundo arrecadar R$ 1,2 bilhão por ano. Afirmou que toda a aplicação desses recursos será decidida pelas entidades representativas do setor que compõem o Conselho Gestor do Fundeinfra. “O que for decidido pelos produtores será licitado pela Goinfra”, frisou.
Ronaldo Caiado disse que Goiás não pode ficar atrás de outros estados, como Mato Grosso, em capacidade de investimento e infraestrutura do setor do agronegócio. “Mato Grosso está indo com muita velocidade e Goiás não pode ficar atrás. Me deem dois anos e vocês vão ver as nossas rodovias e como o dinheiro [do Fundeinfra] foi aplicado”, enfatizou.