Sem surpresa: o Conselho de Política Monterária (Copom) do Banco Central manteve nesta quarta-feira (21/6) a taxa dos juros básicos do País pelo sétimo mês consecutivo em 13,75% ao ano. A decisão foi unânime e já era esperada pelo mercado, que prevê início da redução da Taxa Selic apenas para setembro. Pelo menos, no comunicado, o BC retirou a referência que fazia a uma possível retomada de ciclo de aperto, caso o processo desinflacionário não ocorra dentro do esperado. Mas enfatizou que é preciso manter a cautela.
“O ambiente externo se mantém adverso, ainda que com revisões positivas para o crescimento do ano. Apesar da atenuação do estresse envolvendo bancos nos EUA e na Europa, a situação segue demandando monitoramento. Os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas, inclusive com a retomada de ciclos de elevação de juros em algumas economias, em um ambiente em que a inflação se mostra resiliente”, disse.
“Em relação ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores mais recentes de atividade econômica segue consistente com um cenário de desaceleração da economia nos próximos trimestres. Não obstante o arrefecimento recente dos índices de inflação cheia ao consumidor, antecipa-se uma elevação da inflação acumulada em doze meses ao longo do segundo semestre. Ademais, diversas medidas de inflação subjacente seguem acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta para a inflação”, enfatizou o comunicado.
Considerando os cenários avaliados, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu manter a taxa básica. Disse entender que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui 2024.
Protesto
Os sindicatos ligados à Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg) e de trabalhadores nas indústrias realizaram nesta quarta-feira (21/6) um protesto conta a manutenção da taxa Selic. Lembraram que, em pouco mais de um ano, ela saltou de 2% para 13,75%. “Com isso, o custo de crédito encareceu, o consumo arrefeceu, os investimentos estagnaram e a especulação aumentou”, enfatizaram em comunicado.
“Uma Selic em 13,75% significa juro real, na ponta, em torno de 40%, o que desestimula qualquer movimento de retomada da economia brasileira”, frisaram as entidades. Elas ainda enfatizaram que a inflação no Brasil tem mostrado trajetória de queda, com redução pelo terceiro mês consecutivo do índice de preços. “Somam-se a isso a desvalorização do dólar, o risco fiscal menor e, principalmente, a economia em clara estagnação, motivos mais do que suficientes para o início do ciclo de cortes de juros”, citaram.
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