Presidente nacional do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann bateu de frente com o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, após ele afirmar que o partido continua na “zona de rebaixamento” nas eleições municipais. A legenda conquistou apenas uma capital, Fortaleza, e 252 prefeituras no país – melhorou frente a 2020, mas ficou em nono em número de prefeitos eleitos.
“O PT é o campeão nacional das eleições presidenciais, mas na minha avaliação não saiu ainda do Z4 [zona de rebaixamento] que entrou em 2016 nas eleições municipais”, afirmou Padilha após reunião com Lula e Gleisi. Mais tarde, a presidente da legenda reagiu.
“Pagamos o preço, como partido, de estar num governo de ampla coalizão. E estamos numa ofensiva da extrema-direita. Ofender o partido, fazendo graça, e diminuir nosso esforço nacional não contribui para alterar essa correlação de forças”, postou Gleisi.
Não convenceu
Antes de lavar a roupa suja da sigla em público, Gleisi levou para a reunião da Executiva Nacional do partido um compilado dos resultados eleitorais. Era uma tentativa de acalmar os ânimos e mostrar que os números não eram tão ruins a ponto de motivarem uma conflagração no partido.
Diante do avanço das legendas de centro-direita nas eleições, muitos petistas passaram a questionar as escolhas de alianças para as chapas. Gleisi falou em “retomada” do PT, citou os 252 prefeitos eleitos este ano, contra 183 em 2020, falou dos 290 vice-prefeitos eleitos, ante 206 há quatro anos, e destacou o aumento de vereadores, que saltou de 2.663 para 3.129.
Para ela, a vitória em Fortaleza foi a cereja do bolo, pois em 2020 o partido não venceu nenhuma capital.
Apesar da numeralha, Gleisi não conseguiu evitar o clima de tensão, nem as críticas ao governo, cobranças por uma reconexão com as bases e pelo reposicionamento da legenda. Os insatisfeitos alegam que das 69 prefeituras a mais, 41 são cidades pequenas.