A determinação do prefeito Sandro Mabel (União Brasil) de retirar todos os camelôs do polo comercial da Região 44, no Centro de Goiânia, enfrenta resistência. Inclusive de vereadores. É o que ficou claro na audiência pública realizada nesta segunda-feira (17/3) na Câmara Municipal.
A Prefeitura anunciou que vai retirar os ambulantes a partir do próximo dia 30, transferindo as bancas para galerias ou para a Feira Hippie. Entre as possibilidades anunciadas pelo prefeito, está a criação do “aluguel social” para que os trabalhadores comercializem suas mercadorias nas galerias da região ou ajude na transferência deles para a Feira Hippie.
“Sabemos que a região da 44 é um dos maiores polos econômicos de Goiânia e a transferência dos comerciantes de rua para galerias pode acarretar despesas que esses ambulantes não têm como arcar”, afirmou o vereador Heyler Leão (PP). Ele defendeu a organização do comércio sem comprometer o trabalho dos camelôs, mas com a destinação de espaços públicos para que possam exercer suas atividades.
O vereador Oseias Varão (PL) destacou que houve omissão do poder público nos últimos anos e defendeu discussão sobre a transferência “sem perseguição e apreensão de mercadorias”. O vereador Edward (PT) apelou para que o prazo de retirada dos ambulantes seja dilatado, para ampliar o diálogo entre os trabalhadores e a Prefeitura.
Coronel Urzeda (PL) falou que os lojistas que pagam impostos, aluguel, condomínios também não podem ser prejudicados. “É preciso achar um meio termo”. “Aqueles que trabalham nas ruas honestamente, ganhando o pão de cada dia, não podem ser prejudicados, e retirados de “forma açodada” pela Prefeitura”, disse Cabo Senna (PRD).
Camelôs
A presidente da Associação dos Camelôs, Ana Paula de Oliveira, defendeu a continuação dos vendedores ambulantes nas ruas, obedecendo ao horário da madrugada, quando as lojas estão fechadas. “Somos mais de 3 mil camelôs. Se for preciso, nós pagamos taxa para Prefeitura. No entanto, pedimos que seja definido o horário a partir das 17 horas”, disse.
Lidiane Freitas, vice-presidente da associação, adicionou que as mudanças que a Prefeitura quer fazer vai impactar a cadeira produtiva. Que, segundo ela, também abrange as malharias, com seus funcionários, tais como costureiros e cortadeiros, lavadeiros, vendedores dos tecidos.
Prefeitura
O Secretário Municipal da Eficiência, Fernando Peternella, comentou que a medida objetiva organizar o comércio informal, que gera concorrência desleal com os lojistas da 44. “A intenção do prefeito Sandro Mabel é transformar a região da 44 num polo nacional de comércio e turismo e para isso precisa organizar o espaço”, disse.
“Oferecemos lojas nas galerias para os ambulantes saírem da informalidade e pagando durante seis meses, apenas 30% do condomínio e aluguel. Somente após um ano e meio, arcarão com o pagamento total das despesas”, frisou o Peternella.
Já o secretário Municipal de Gestão de Negócios e Parcerias, José Neto Soares Neto, disse que a Prefeitura quer ouvir a categoria e achar uma solução viável, negociada para que os ambulantes trabalhem de forma organizada. “Não haverá arbitrariedade”, afirmou.