Depois de segurar muito tempo a escolha do novo comando da Universidade Federal de Goiás, o presidente Jair Bolsonaro assinou na noite de ontem a nomeação da diretora da Faculdade de Informação e Comunicação (FIC), Angelita Pereira de Lima, para ser a nova reitora da instituição. A decisão contraria a votação da comunidade acadêmica, que havia escolhido em eleição realizada em junho a então vice-reitora, Sandramara Matias Chaves, para o posto.
A portaria publicada hoje chamou atenção pelo fato de que a cúpula do Ministério da Educação preferiu nomear um indicado na lista tríplice mais ligado à esquerda do que Sandramara. Ciente da indisposição do governo federal com o atual comando da UFG, o Conselho Universitário encaminhou três nomes para o MEC: Sandramara, que não tem histórico de militância política, Angelita, que já foi candidata a deputada pelo PT, e Karla Emmanuela Ribeiro Hora, que é ligada ao PSOL. Foi uma estratégia política, adotada por várias outras universidades, de emparedar o MEC para acatar a decisão da comunidade acadêmica.
A decisão de contrariar a votação – e as próprias posições políticas do governo – é atribuída à indisposição do MEC com o grupo liderado pelo reitor Edward Madureira e uma manobra para tentar colocar um interventor na universidade. Na condição de presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Edward bateu de frente várias vezes com decisões do governo federal que foram consideradas prejudiciais às universidades federais. Contudo, Angelita é também ligada o grupo de Edward e foi uma das coordenadoras da campanha de Sandramara.
Tanto é que Edward elogiou a escolha ao Jornal Opção. “Angelita é uma pessoa que sabe dialogar, é transparente, comprometida com a democracia e respeita a autonomia universitária. A UFG estará em boas mãos”, afirmou. O Sindicato dos Docentes das Universidades Federais de Goiás (Adufg-Sindicato) trabalha com a hipótese de que o governo, na verdade, resolveu dobrar a aposta e nomeou Angelita esperando que ela recuse o posto.
“O governo quer que a Angelita recue para colocar um interventor. Em São Carlos, o nomeado aceitou após um acordo com o primeiro colocado. Era melhor aceitar que acontecer a indicação de um interventor. É um jogo. O governo está jogando, principalmente depois que soube da montagem da lista tríplice”, afirmou ao Diário de Goiás o presidente da ADUFG, Flávio Alves. O sindicato vai estudar medida judicial para garantir a nomeação da primeira colocada na lista tríplice.
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