Cidade sitiada, cenas de guerra. De terror. Esse foi o cenário que a milícia impôs ontem em ao menos sete bairros da Zona Oeste do Rio de Janeiro, que abrigam uma população de cerca de 1 milhão de pessoas.
Os ataques a 35 ônibus e um trem foram em represália à morte de Matheus da Silva Rezende, conhecido como Teteu e Faustão, em uma operação policial em Santa Cruz. Ele era o número dois da milícia comandada por seu tio Zinho, na comunidade Três Pontes.
As ações da milícia levaram ao maior número de coletivos incendiados na história da cidade, segundo a Rio Ônibus. Um vídeo mostra um homem ateando fogo em um ônibus ainda com passageiros dentro. Várias estações do BRT ao longo da Avenida das Américas, que começa na Barra da Tijuca, foram incendiadas.
Veículos particulares e pneus também foram postos em chamas, fechando a entrada para diversos bairros e bloqueando a Avenida Brasil, uma das principais vias da capital. Com o caos no trânsito e a paralisação dos serviços, muitos trabalhadores voltaram para casa a pé. Além disso, as aulas foram suspensas para mais de 17 mil alunos dos bairros afetados.
Reação do governo
O governador Cláudio Castro (PL), que parabenizou a Polícia Civil pela morte do miliciano, classificou os ataques como “ações terroristas” e prometeu capturar três chefes do crime da região, conhecidos como Zinho, Tandera e Abelha, este último apontado como líder do Comando Vermelho.
A Polícia Militar prendeu 12 suspeitos de envolvimento nos ataques e Castro afirmou que todos eles serão enviados a presídios federais. Já o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse que o governo vai ampliar as forças federais no Rio.
Ataque em SP
A adolescente Giovanna Bezerra, de 17 anos, morreu e outras duas ficaram feridas em um ataque a tiros em uma escola em Sapopemba, na Zona Leste de São Paulo. Aluno do 1° ano do Ensino Médio, o agressor tem 16 anos, está detido pela polícia e teve a arma apreendida. Giovanna foi atingida na cabeça. Uma adolescente foi baleada no tórax e a terceira, na clavícula.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), disse que informações preliminares apontam que o ataque “pode ser decorrência de bullying e homofobia”. Segundo relatos de pais e alunos, o autor dos disparos era agredido com frequência por outros estudantes e costumava se envolver em brigas.
Tarcísio afirmou que manterá o plano de contratar vigilância privada e mais psicólogos para atuar nas escolas. Já o ministro da Justiça e Segurança, Flávio Dino, acionou o Laboratório de Operações Cibernéticas (Ciberlab) para investigar se o jovem tem ligação com grupos extremistas na internet.