Execuções em massa para purificar o país. Com esse discurso, homens armados leais ao atual governo sírio atuaram nos últimos dias para reprimir remanescentes do antigo regime de Bashar al-Assad, segundo testemunhas.
O pior surto de violência desde a deposição do ex-presidente começou na quinta-feira (6/3) depois que combatentes leais ao regime de Assad emboscaram as forças de segurança em Jableh, na província costeira de Latakia. Desencadeando uma onda de ataques de vingança, incluindo ações contra civis da minoria alauita, a mesma de Assad.
Conflitos eclodiram novamente no domingo (9/3), depois que forças de segurança foram atacadas por partidários de Assad em uma usina de energia em Banias, também em Latakia. Há relatos de mais de mil mortos, a maioria civis.
“Homens armados iam de casa em casa atacando pessoas como uma forma de entretenimento”, disse um morador de Latakia, que preferiu não se identificar. “As pessoas estavam fugindo, aqueles que não conseguiam eram mortos”, disse Bashir, outro morador da cidade.
ONU
A ONU condenou o que chamou de relatos “extremamente perturbadores” de famílias inteiras sendo mortas no noroeste da Síria. O comissário da ONU para Direitos Humanos, Volker Türk, pediu investigações e responsabilização. “A matança de civis em áreas costeiras no noroeste da Síria deve cessar imediatamente.”
O líder da Síria, Ahmad al Sharaa, prometeu caçar os responsáveis pelos crimes. Em um discurso transmitido pela TV nacional e postado nas redes sociais, ele — que liderou o grupo rebelde que depôs Assad — acusou os partidários de Assad e “potências estrangeiras” de tentar fomentar uma instabilidade no país.
Por causa dos confrontos, Estados Unidos e Rússia pediram uma reunião a portas fechadas do Conselho de Segurança da ONU nesta segunda-feira (10/3).