O presidente Jair Bolsonaro depende do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF) para garantir a sua viabilidade eleitoral em 2022. E tanto o Supremo quando o Centrão, grupo que dá apoio ao governo no Legislativo, alertam que a pregação golpista nos atos convocados para amanhã pode fechar essa porta.
O STF, por exemplo, é crucial para o parcelamento de precatórios, que viabilizaria um programa assistencial federal. Já a base no Congresso avalia que a retórica radical tem impacto negativo sobre a economia, alimentando a queda de popularidade do presidente. Partidos do Centrão já discutem abertamente o desembarque do governo.
E não é só no meio político. Em mais um sinal de que o capital quer distância dos discursos de ruptura, desabou a adesão do varejo à Semana Brasil, uma campanha do governo para estimular promoções no comércio durante o feriado da Independência. Em 2019, 3 mil empresas se inscreveram; este ano, pouco mais de 200.
Enquanto isso…
O presidente Bolsonaro investe para turbinar as manifestações divulgando vídeos com convocações e convidando seus ministros para os atos. É provável que somente aqueles mais alinhados ideologicamente com o governo aceitem. Ciro Nogueira (Casa Civil) e Flávia Arruda (Secretaria de Governo), representantes do Centrão no Planalto, já declinaram.
Mas mesmo entre os grupos tradicionalmente mais fechados com o presidente há mobilização contra os atos de amanhã. O grupo evangélico Movimento Batista por Princípios está exortando fiéis a não participarem das manifestações bolsonaristas.