Anunciado hoje pela Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) como novo arcebispo metropolitano de Goiânia, Dom João Justino de Medeiros e Silva é tido na Igreja como alguém com perfil mais progressista e muito ligado às pautas relacionadas à educação e direitos humanos. Ele substitui Dom Washington Cruz, que se aposenta compulsoriamente após completar 75 anos.
Dom João Justino tem 54 anos e é ligado ao presidente da CNBB, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, de quem foi assistente em Belo Horizonte. Em uma entrevista em maio de 2019, logo após a eleição do novo comando da entidade, o novo arcebispo de Goiânia defendeu que a Igreja se posicione abertamente sobre pautas do governo Jair Bolsonaro que vão contra a doutrina da Igreja católica.
“No momento em que o governo ‘a’ ou ‘b’ tomar uma posição contrária ao que entendemos que é direito do povo e que são valores fundamentais da pessoa, Dom Walmor vai se posicionar e com ele toda a Igreja”, afirmou Dom João Justino na época da definição do novo comando da CNBB. “A CNBB está apostando numa presidência que terá uma palavra bastante firme em defesa do direito do povo brasileiro, incluso aí os indígenas e refugiados, mas fará isso chamando para o diálogo. Me parece que esse diálogo está muito frágil e tênue, é preciso reforçá-lo. O diálogo é o lugar de se dizer as verdades”, concluiu.
Dom João Justino atuava como arcebispo Metropolitano de Montes Claros (MG) e preside a Comissão Episcopal Pastoral para a Cultura e Educação da CNBB. Ele mantém perfil ativo nas redes sociais, com mais de 5 mil seguidores no Instagram, e tem um podcast no Spotify. Uma de suas postagens recentes no Twitter, de 25 de outubro, é um artigo em italiano sobre o educador Paulo Freire, espécie de assombração na área da educação para os bolsonaristas. O título do artigo traduzido para o português é “Paulo Freire, o pedagogo que tinha fé no futuro”.
No auge da polêmica sobre o isolamento social, no início da pandemia, o novo arcebispo de Goiânia defendeu as restrições impostas pelos governos, inclusive com a suspensão das missas, e pediu que as pessoas ouvissem mais a ciência. “Estamos passando por uma pandemia. O inimigo é literalmente invisível e uma das comprovadas formas de combatê-lo é o isolamento”, disse Dom João Justino em abril do ano passado. “A força da fé que não nos livra magicamente dos momentos difíceis, mas nos fortalece para passar por eles”.