O nível de endividamento médio das famílias brasileiras em 2021 foi o maior dos últimos 11 anos, aponta a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada nesta terça-feira (18/01) pela Confederação Nacional do Comércio. O ano passado apresentou recorde, com média de 70,9% das famílias brasileiras passando sufoco para pagarem suas contas. Em dezembro alcançou o patamar máximo histórico para os meses consecutivos, 76,3% do total de famílias. A taxa de incremento de famílias com dívidas também foi a maior já observada, revelando que elas recorreram mais ao crédito para sustentar o consumo.
Assim como nos anos anteriores, o cartão de crédito foi a dívida mais citada pelas famílias, com 82,6% na média anual. Em segundo foram os carnês de lojas, apontados por 18,1% das famílias. Em terceiro o financiamento de carro, por 11,6%. Na sequência, aparecem o financiamento de casa (9,1%) e o crédito pessoal (9%).
Na comparação com 2020, das cinco regiões do País, apenas o Centro-Oeste apresentou queda do índice, 0,3 ponto percentual. O Norte registrou estabilidade, e o Sudeste se destacou com aumento de 5,9 pontos porcentuais, seguido pelo Sul (+5,5 pontos) e o Nordeste (+4,5). Contudo, considerando o total de endividados, o Sul contou com o maior percentual, aproximando-se de 82%. Já na avaliação por faixa de renda, o endividamento médio das famílias com até 10 salários mínimos mensais aumentou 4,3 pontos, chegando a históricos 72,1% do total. Na faixa de renda superior, acima de 10 salários mínimos, o indicador aumentou ainda mais, 5,8 pontos e fechou em 66%.
O presidente da CNC, José Roberto Tadros, avalia que entre as famílias com rendimentos acima de 10 salários mínimos a demanda represada, em especial pelo consumo de serviços, fez o endividamento aumentar ainda mais expressivamente, em especial no cartão de crédito. “O processo de imunização da população possibilitou a flexibilização da pandemia, refletindo no aumento da circulação de pessoas nas áreas comerciais ao longo do ano, o que respondeu à retomada do consumo, principalmente de serviços”, observa.