O coronel do Exército Carlos Brilhante Ustra, condenado pela Justiça por comandar centro de tortura no período da ditadura militar, foi um dos agraciados com o título de marechal pelo governo Jair Bolsonaro. Segundo revelou a revista eletrônica Forum, ele integra um grupo de mais de 200 oficiais das Forças Armadas que receberam o título, o que em tese permite benefícios como aumento de salários e pensões. Ustra chefiou o famigerado DOI-Codi entre 1970 e 1974, período no qual foram registradas ao menos 45 mortes e desaparecimentos forçados envolvendo o departamento. Ele morreu em 2015 e é considerado pelo presidente Jair Bolsonaro um herói nacional. Deixou para as duas filhas uma pensão que soma R$ 30.615,80, valor correspondente aos vencimentos de outros “marechais” do Exército.
A promoção póstuma é repleta de distorções. Ustra foi para a reserva como coronel, três níveis abaixo da patente de marechal. Mas todas as promoções concedidas pelo Ministério da Defesa, que incluem nomes como Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, estão em desacordo com a legislação. Desde 1980, quando foi instituído o Estatuto dos Militares, a patente de marechal é exclusiva para oficiais de alto escalão considerados heróis nacionais por comandarem tropas em conflitos bélicos. Não é nem de longe o caso dos oficiais beneficiados agora.