Em tom de permanente campanha, o presidente Donald Trump (Republicanos) fez na madrugada desta quarta-feira (5/3) seu primeiro discurso ao Congresso no novo mandato. Defendeu, de forma enfática, as muitas medidas polêmicas que adotou desde a sua volta à Casa Branca.
A começar pela imposição de tarifas às importações dos vizinhos Canadá e México e da rival China. Mais que isso, avisou que outros países, incluindo Brasil e Índia, estão na fila para novas tarifas por tratarem os EUA “de forma injusta” no comércio internacional.
O apelo à união nacional, comum na primeira fala de um presidente ao Legislativo, foi jogado para o alto. Com Trump citando o antecessor Joe Biden 12 vezes para culpá-lo tanto pela alta do preço dos ovos quanto pelos gastos no apoio à Ucrânia, aproveitando para reafirmar que está “trabalhando incansavelmente” para encerrar a guerra.
Mas a política interna foi o tema principal do discurso de 1 hora e 40 minutos – o mais longo já feito por um presidente no Congresso. Trump decretou a morte da “cultura woke” – termo identificado com políticas progressistas – nas escolas, no governo e nas Forças Armadas. E defendeu a ação de Elon Musk, alvo de críticas até dentro do governo pelo desmonte em instituições públicas. (CNN)
A reação ao discurso de Trump mostrou a divisão dentro da oposição democrata. O líder Hakeem Jeffries queria uma resposta sóbria, mas alguns se exaltaram. O deputado Al Green, do Texas, levantou-se e interrompeu Trump tantas vezes que acabou retirado do Plenário. Alguns deixaram o recinto em protesto, enquanto outros levantaram placas onde se lia “Elon rouba” e “isso é mentira”.
Retaliação
No mesmo dia em que as novas tarifas entraram em vigor, China, México e Canadá anunciaram que vão retaliar. A partir do dia 10, a China vai impor tarifas de até 15% a uma série de produtos agrícolas americanos e colocou mais de 20 empresas em uma lista suja que inclui até mesmo a proibição de negociar ou investir no país.
O premiê canadense, Justin Trudeau, condenou a “guerra comercial americana”. Embora tenha dito que encontrar uma solução para a disputa comercial é sua prioridade, Trudeau anunciou tarifas imediatas sobre US$ 30 bilhões em importações americanas.
Já a presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, disse que seu governo está preparado para retaliar.
Em meio ao temor de uma guerra comercial com os vizinhos, o secretário americano do Comércio, Howard Lutnick, disse que a administração Trump pode anunciar um acordo com canadenses e mexicanos ainda hoje.
“Tanto os mexicanos quanto os canadenses estiveram ao telefone comigo o dia todo tentando mostrar que farão melhor, e o presidente está ouvindo, porque você sabe que ele é muito, muito justo e razoável”, afirmou. Acrescentou que desta vez não será uma pausa.